O presidente angolano, João Lourenço, afirmou na ultima sexta-feira que Angola quer ser integrada no BRICS (bloco de países emergentes que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), beneficiando de ajuda para a reconstrução nacional do país.
Por Osvaldo Franque Buela (*)
A ambição do presidente angolano é grande, louvável e interessante, mas não se integra uma organização como os BRICS, como se fosse para se juntar à CPLP ou à Organização Internacional da Francofonia, OIF, sendo o BRICS um grupo de países que toma cada vez mais uma parte importante na economia global.
Enquanto em 2013, os países do BRICS já representavam na maioria deles, uma grande parte das maiores potências econômicas do mundo, eles vão poder ganhar ainda mais peso no cenário internacional nas próximas décadas. E juntos, os BRICS respondem por 45% da população do planeta, quase um quarto de sua riqueza e dois terços de seu crescimento.
Estima-se que os BRICS eram responsáveis por mais de 50% do crescimento económico mundial na última década e que quatro dos cinco BRICS estão entre as dez principais economias mundiais (Brasil 7, Rússia 8, Índia 10 e China 2). A África do Sul, primeira potência do continente africano, também está classificada entre as 30 maiores economias do mundo (29º lugar).
Mas o país, neste caso Angola, não apresentou neste encontro, estatísticas que pudessem motivar esse desejo de integrar os BRICS, o vosso bom discurso apareceu como uma formalidade que simplesmente consistou em destacar o valor dos BRICS passando por um pedido de ajuda para a reconstrução do país.
De facto, Senhor Presidente João Lourenço, você tem razão em acreditar que o exemplo dos BRICS deve inspirar o seu governo a mais trabalhar, sobretudo e especialmente na materialização da diversificação da economia, que deve deixar de ser um vago slogan, mas tornar-se um evidência palpável com estatísticas reais que podem argumentar para o país, e em todos os sectores da economia, fora dos critérios de boa governança e transparência das contas do país.
Em vez de pedir ajuda de países estrangeiros, o que não é tão bom para a imagem de um grande país como Angola, o seu governo deve primeiro fazer com aquilo que existe, quero dizer, o potencial económico do país, a valorização e uma óptima utilização dos recursos humanos nacionais, a tolerância zero para crimes económicos, a criação e efectização de um ambiente seguro do clima de negócios capaz de atrair os investidores, é depois que os outros, por conta e conhecimentos próprios, farão uma avaliação dos possíveis fracassos em áreas definidas onde poderão vos ajudar.
Um país digno, como segundo maior produtor de petróleo em África nunca pode recuperar-se unicamente com ajudas, mas pelo respeito das regras de cooperação e de boa governação.
Para tal, é preciso haver uma descentralização real da economia do pais, garantindo por exemplo que as províncias da Lunda, produtoras de diamantes, se tornem centros de excelência para os negócios de diamantes, com infra-estrutura de artes e ofícios relacionados com os diamantes.
Cabinda, por exemplo, que produz mais da metade do petróleo do país, deveria ter infra-estruturas relacionadas com o petróleo, refinarias, depósito de produtos refinados, instituto de petróleo e uma grande base de empresas de prestação de serviços relacionados com o petróleo.
Destacar e explorar o potencial económico de cada província, reduziria muito a taxa de êxodo rural que é uma fonte da criminal nas grandes cidades como Luanda
O vosso executivo tem sim, sua Excelência, hoje a oportunidade e a capacidade de superar os constrangimentos ainda existentes para colocar a economia angolana ao serviço do desenvolvimento, do progresso e do bem-estar das populações.
Basta aplicar a Constituição que lhe confere esse poder, deixar a justiça funcionar de forma independente e o Estado recuperar tudo o que lhe pertence por direito, e colocá-lo de volta ao serviço da economia nacional… o resto seguirá por uma prestação das contas permanente juntos dos representantes eleitos do povo através do orgão legislativa do país.
(*) Chefe do Gabinete da Presidência da FLEC